A internet tem o poder de tornar acontecimentos sem importância na última notícia do momento, na bomba da semana, na mais quente do mês. O nome do momento é Ronald Rios, ator de stand up do Rio de Janeiro.
Antes, esclareço que conheço Ronald há um bom tempo, desde a época do ICQ (lembro que trocamos umas palavras por lá). Depois, voltei a falar com Ronald quando ele comentava no meu blog, o Rádio Base (faz tempo também, numa versão antiga do blog). E há pouco tempo, quando a situação se inverteu (eu passei a comentar no antigo blog dele, regularmente), falei com ele de novo. Sempre gostei dos seus textos e dos seus podcasts, com pitadas de non sense e um humor ácido, quase inconsequente.
Não vou me alongar muito sobre o que houve, há uma explicação aqui, escrita pelo próprio. E digo até que me posiciono a favor do Ronald, ou seja, a favor da liberdade de expressão. A campanha da Skol é bizarra? Sim, é. E a causa, etílica, não é nem um pouco nobre. Não vi nada de mais também no vídeo de Ronald. Era uma sátira, crítica e ácida como toda sátira deveria ser.
Mas Ronald (e as pessoas que tornam isso uma tempestade) se esqueceu de um detalhe. Ao usar o logo, nome e identidade visual da cerveja, ele deu a ela o direito de questiona-lo. A “desculpa” estava dada. Ronald estava violando direitos autorais e, para não ser processado, deveria retirar o vídeo do You Tube.
Talvez ele tenha feito isso de propósito. Usou esses elementos para causar comoção, chamar a atenção. Se foi isso, conseguiu. Mas as pessoas que clamam por justiça ou dizem que foi um ato de censura, se esquecem de que Ronald feriu os direitos autorais da cervejaria. Se fosse censura mesmo, o vídeo sem o logotipo da cerveja não estaria no ar. A versão “censurada” está lá, no You Tube, para quem quiser ver. Obviamente que não tem a mesma graça, mas está lá.
É muito chato ler as pessoas utilizando a palavra censura sem saber seu real significado e seu peso. Estaríamos censurados se até a outra versão do vídeo tivesse sido retirada. E se essa versão tivesse sido a primeira, não teria tanta gente chata se dizendo indignada com o que houve.
Como diz o camarada Bruno Hoffman, “odeio gente indignada”.