Pichação e graffiti são exatamente a mesma coisa, com intenções diferentes – todo graffiteiro foi pixador e muitas vezes ainda é, nas horas “vagas”.
Obviamente todo prefeito é contra, é o discurso oficial. O atual problema do eleito pelos paulistanos, João Dória Jr., é ser microgestor, tratar o problema da pichação com tamanha importância e espetáculo midiático, transformar numa guerra, em algo a ser combatido com tanto afinco – o prefeito que assumiu Nova York no final dos anos 1970, com o hip-hop explodindo, também tinha esse discurso. Nos anos 1970!
Nosso prefeito, como grande gestor que é, já deveria ter evoluído um pouco mais nas ideias. Ou pelo menos não apelar para a velha política de jogar para a torcida – já que o cidadão médio também vai ser contra pichação e afins.
Em 2014, um jornalista inglês publicou uma biografia do Banksy, um dos maiores artistas plásticos do nosso tempo. Banksy, que mantém sua identidade no anonimato, começou rabiscando muros, como todo bom graffiteiro.
Escrevi a resenha do livro, na época,, paa a revista Rolling Stone e reproduzo o texto abaixo. E nesse livro estão quase todas as respostas para as polêmicas atuais: o pixo, o graffiti, políticas públicas, arte versus vandalismo… tudo. É só ler:
Banksy – Por Trás das Paredes
Will Ellsworth-Jone
Nossa Cultura
Misterioso grafiteiro britânico ganha biografia não autorizada
O autor inglês Will Ellsworth-Jones encarou uma missão difícil: fazer uma biografia sobre uma pessoa que nunca deu entrevistas pessoalmente, nunca apareceu em público e tem uma legião de amigos fiéis que nunca entregou sua identidade. Mas, ao mesmo tempo que é tudo isso, o grafiteiro Banksy tem assessoria de imprensa, se preocupa com a imagem e tenta controlar o que é publicado a seu respeito – segundo o autor, a assessoria de Banksy tentou ter acesso à biografia antes da publicação, o que foi negado prontamente. E a ideia do autor é passar longe da tentação de revelar a identidade do artista. O foco é no trabalho e na forma como ele é feito, na capacidade que Banksy tem para organizar eventos de grafite e invadir museus para colocar obras sem nunca ter sido descoberto. Por Trás das Paredes dá uma geral também no universo do grafite e das pichações na Inglaterra – mais precisamente em Bristol – e, por opção do autor, todos são chamados de “grafiteiros”, inclusive os que se dedicam apenas a deixar seus rabiscos nas paredes e nos muros. O universo marginal da arte urbana é retratado com relatos de prisão de grafiteiros britânicos ao mesmo tempo que outras administrações já conseguem enxergar as pinturas nos muros como arte.