Todos os manuais dizem: “Faça planos!”. Eu vou na contramão.
Não faço planos. Pelo menos à longo prazo, não. Meus planos se estendem por uma semana, duas… no máximo um mês.
Faço isso porque acho que traçar planos além disso já é exercício de adivinhação, já é esoterismo. Não tenho como saber como estará a minha situação daqui há dois meses, por exemplo. Existe uma situação ideal, lógico (empregado, com mamô fora da UTI, etc). E dentro das minhas limitações, estou trabalhando para que isso aconteça. Mas eu não tenho como contar com isso, não sou João Bidu.
Digo isso porque existem esses tombos que a gente leva na vida. Não era bem um plano, mas mamô e eu fizemos uma prova. Caso passássemos, iríamos nos mudar para Brasília e fazer nossa vida lá, juntos. Aí aconteceu a internação e logo depois vi que não passamos. Menos mal, porque eu estaria numa gigantesca sinuca de bico caso eu passasse e ela, no hospital, não pudesse ir comigo. Não sei o que eu decidiria.
Agora, novamente não era bem um plano, mas pretendia fazer algumas mudanças aqui em casa, mudar alguns móveis, já que eu teria um emprego decente e um salário razoável. Aí a editora fechou e adiou minhas ideias.
Quando se pensa em algo próximo, fica mais fácil de prever ou fazer acontecer. Não temos controle sobre o que vai ser da gente daqui há um ano. Não sabemos como e nem onde estaremos. Me contento com o que está logo ali. E passo a passo vou trilhando meu caminho.