Tenho várias coisas pra postar aqui, mas com trabalho corrido + freelas + visitas diárias ao hospital fica difícil e acabo colocando só coisas curtinhas, fáceis de editar. Mas vamos lá.
Da última semana até hoje, pelo menos duas coisas importantes aconteceram no jornalismo. Não vou entrar no mérito de citar nomes ou criticar colegas diretamente, não sou ombudsman de ninguém e essa não é minha intenção aqui.
A primeira foi a demissão de um repórter do JT, com oito anos de casa, que já fez coberturas internacionais de cinema e tudo mais. Numa edição do jornal, ele publicou uma entrevista com a atriz Tônia Carrero como sendo atual, mas o jornal descobriu que o papo já havia acontecido há questão de um ano. Isso foi o suficiente para demitir o repórter e ainda expô-lo publicamente aos leitores, num editorial que eximia o jornal de qualquer culpa ao levar material “velho” para as páginas.
Bom, que o repórter errou, é obvio. Pegar material “de gaveta” e utilizar como novo, mesmo que atualizando as informações (como ele afirmou que fez), não é atitude de um jornalista responsável, por mais “inútil” ou raso que seja o assunto. Mas acho também que o jornal exagerou na dose. Não sabemos se o jornalista já vinha cometendo pequenos erros ou mesmo arranjando problemas com alguém na redação, mas demissão com direito a nome publicado no jornal e tudo e capaz de acabar com a carreira de qualquer um. E o rapaz tinha oito anos de casa, não é um inconsequente que acabou de ser efetivado do estágio…
Não podemos também nos esquecer de que tudo que é publicado em um jornal depende do trabalho de um editor (no caso, editora, se eu não me engano). Se o jornal desconfiou da veracidade do material, por quê a editora publicou? Por quê não utilizou um material verdadeiramente “de gaveta” até esclarecer a dúvida? Então, o jornalista, a editora e o jornal erraram. E o resultado dessa soma, provavelmente, não conheceremos. O jornalista foi demitido e ficou “tudo certo”.
Outro fato grave envolvendo o jornalismo foi a descoberta do uso de equipamentos da TV Globo em gravações de flagrantes, à pedido do delegado Protógenes Queiroz. Justo ele, que tanto grita pela ética, que solicitou um mandato de prisão para uma jornalista da Folha de S. Paulo por publicar uma matéria sobre as investigações da Polícia Federal pra cima do banqueiro Daniel Dantas… para Protógenes, a jornalista estava praticamente a serviço de Dantas, ao publicar informações que conseguiu com fontes da Abin. Fontes, estas, que foram identificadas e punidas, o que vai totalmente contra os preceitos jornalísticos de proteção à fonte.
Curiosamente, é um assunto pouco tocado até nas emissoras concorrentes. O que ouvi foram somente alguns comentários no Jornal Bandeirantes Gente, da Rádio Bandeirantes. E só.
Vale lembrar que a denúncia envolve a Globo, mesma TV que sempre consegue as melhores imagens das operações da PF. A mesma TV que consegue mostrar Paulo Maluf sendo preso com o filho; Celso Pitta, de pijamas, abrindo a porta de casa para receber a ordem de prisão… entre outras.
Não só no jornalismo, mas na vida, a ética depende da ótica. É extremamente pessoal. Para alguns, não é errado enganar o leitor, não é errado pedir um favorzinho para algum amigo empregado numa grande rede de televisão, não é errado plagiar um texto em pleno TCC… e por aí vai. E exemplos como esses acabam nos mostrando que caminho seguir.