Por Diana Neves*
Nos últimos meses de 2011, quando começaram os rumores sobre certo festival internacional de metal lá pelos lados inesperados de São Luís, Maranhão, uma pergunta circulava incansavelmente pelas redes sociais: “O Metal Open Air – M.O.A é o Wacken Rocks Brazil?!”
Não, não era. Hoje, depois do fiasco que o M.O.A acabou se revelando, essa resposta volta à minha mente de forma ainda mais evidente. É, não era mesmo…
O Wacken Rocks Brazil deveria ser a versão brasileira do famoso festival alemão Wacken Open Air – W.O.A, que completa 23 anos em 2012. Lembro bem que essa ideia surgiu no backstage da edição de 2008, pois eu estava lá, na Alemanha, na hora do anúncio, e, como boa brasileira fã de música, vibrei. A versão brasileira seria menor, diziam eles, dois dias, talvez apenas um, em comparação aos três dias repletos de eventos da versão alemã. Mas qualquer um que tenha visto a magnitude do W.O.A ficaria bem satisfeito em ter um pedacinho daquilo no seu país. Daí a agitação entre o público brasileiro e boa parte do público da américa latina, quando “teve boatos” de que o M.O.A seria o primo brasileiro do W.O.A.
O Wacken Rocks Brazil acabou nunca acontecendo e, de certa forma, podemos falar o mesmo do M.O.A. Shows cancelados, falta de comida, situações precárias para acampar e assaltos foram as atrações que recepcionaram os fãs que se deslocaram até o evento, não os prometidos três dias de diversões em meio às bandas preferidas.
Confesso que até esperava alguns problemas no M.O.A, tanto que não me aventurei a ir, embora meu irmão, vários amigos e companheiros de Wacken tenham ido, mas nada tão grave quanto o que acabou ocorrendo.
Achei preocupante que só no final de 2011 tenham começado a organizar o evento e escalar as bandas para um festival que ocorreria em abril de 2012, enquanto que, no Wacken, as entradas do próximo ano começam a ser vendidas logo após o término da edição, pois tudo já está arranjado. E as entradas esgotam em poucos meses, mesmo sem todas as bandas confirmadas. Essa é a credibilidade do evento. Bem, achei preocupante, mas não que não pagariam as bandas.
Também achei que a ideia do camping teria seus problemas, pois mesmo no W.O.A o banheiro ficava entupido boa parte do dia, a área de banho não era um sonho e a chuva tornava tudo mais difícil, mas nós não acampávamos no meio do esterco, não tomávamos banho em bebedouros de animais e, embora minha barraca não tivesse um cadeado sequer e eu acabasse sempre esquecendo minhas botas do lado de fora, nada foi roubado, além de, durante todo o festival, não ter visto uma briga sequer.
As opções de comida também não agradariam a mãe de ninguém, mas certamente você poderia escolher, do salsichão alemão ao yakisoba, com direito a cappuccino para quem cansasse da cerveja alemã (quem, Santo Deus?). No M.O.A, segundo relatos de amigos, o único momento de fartura foi quando o pessoal do stand da Pizza Hut® abandonou o local, deixando para trás vários pedaços de pizza que foram devidamente devorados.
Isso para citar poucos problemas. E sim, todos sabem que não dá para nascer com a experiência de “alguém” de 23 anos, mas é revoltante ver que, mais do que maturidade, desta vez faltou uma boa dose de vergonha na cara dos produtores desse evento que, tal qual crianças, agora trocam acusações em redes sociais enquanto esperam que seus erros, assim como seu evento, acabem em Pizza Hut.
* Diana Neves é uma amiga de Fortaleza que mora no Rio de Janeiro. Sabendo da sua vivência no festival Wacken Open Air, um dos maiores do metal, pedi para que ela escrevesse sobre sua experiência de ir num festival de verdade, organizado por gente competente e que é do ramo. Quanta diferença, não?