Hoje em dia é cada vez mais difícil se aprofundar em uma discussão, em um tema. As pessoas se acostumaram ao raso. Identificam um problema e não vão até a raiz, querem discutir apenas o raso, a parte visível.
Isso aconteceu com o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalistas, tema já tratado aqui de forma curta e grossa. Bravejaram (a alguns ainda bravejam) contra a decisão, mas não querem falar sobre a profissão em si e os novos rumos que devemos tomar.
Agora, a mobilização do momento no ambiente virtual é o #forasarney. O mala do Tico Santa Cruz e mais uma meia dúzia de indignados conseguiram até colocar o termo nos Trending Topics (as palavras mais utilizadas naquele dia) do Twitter. Mas eles não percebem que o problema não é o Sarney. Ele é só a ponta do iceberg, está visível. O problema é muito maior. Tão maior que, caso o Sarney saia mesmo, o próximo deverá sobre o mesmo processo. Até o Tico Santa Cruz se indignar e criar um #forafulano genérico, que valha para qualquer um que presidir o Senado Federal.
O problema é no sistema, é no funcionamento da nossa política, nas engrenagens. O nosso sistema político, de representação do povo, está falido. Dessa forma que está, com essas pessoas eleitas, não tem solução. Vamos assistir a queda de presidente por presidente do Senado. Vai aparecer um dossiê sobre o próximo, mostrando que ele tem uma casa não sei onde que não foi contabilizada na Receita Federal, um parente que trabalha no gabinete de outro nobre colega…
A solução não é #forasarney, essa manifestão-de-sofá, rasa, que não tem utilidade alguma e só serve para entupir de malas as redes sociais, como o Twitter. A solução é a reforma política e a mudança do nosso sistema de representação. E ela pode vir de duas formas: Através dos políticos ou do povo. E, sinceramente, não sei qual está mais distante.