Hoje os brasileiros, todos, tiveram um deja vu.
Há alguns anos vimos um novo líder chegar ao poder. Vindo de uma camada pobre da sociedade, operário, sindicalista… e presidente da República.
No dia da posse, milhares de pessoas festejaram, foram às ruas esperançosas por um futuro melhor. Alguns esperavam “A” revolução, com mudanças radicais, moratória à dívida externa, essas coisas. Mas isso não veio.
Sim, comparando com os tempos da posse, a situação, no geral, está melhor. Pelo menos por enquanto, que a crise não nos pegou em cheio. Mas a empolgação causada pela esperança por drásticas mudanças foi em vão. As alterações que aconteceram foram brandas e as ações que foram iniciadas pelo FHC (e governos anteriores) foram continuadas. Não houve impacto. E creio que o mesmo vá acontecer nos vizinhos de cima, os EUA.
Não digo que foi em vão a festa de hoje. Milhares de pessoas não saem às ruas por nada, só para ver ou ouvir um discurso. Milhares de pessoas seguem o estilo “changes came to America”, pregado pelo próprio Obama no dia da vitória das urnas do tão complicado sistema eleitoral norte-americano. As mudanças, sim, virão. Mas não serão drásticas.
Obama não poderá romper, pelo menos logo de cara, com centenas de paradigmas que a sociedade de lá conserva. Obama não vai parar a ocupação do Iraque, não vai resolver a crise econômica do dia para a noite e nem vai parar a sede sionista por sangue (que não é menor do outro lado). Obama vai, simplesmente, seguir o que está sendo feito, o que é imutável. E vai fazendo uma mudancinha possível aqui, outra ali. Veremos o fenômeno Lula acontecer nos trópicos do norte.
Não que seja ruim. Apenas não terá a urgência e a dureza que o povo quer. E que eles rezem para que não apareça um Zé Dirceu ou um Delúbio Soares por lá também. Nâo sei se a paciência popular com esse tipo de corrupto vai ser tão grande quanto é a nossa, cercada de impunidade.
Repito que a euforia não é negativa. Que sigam comemorando por dias e noites. Mas não gritem “fora, Obama” na primeira escorregada que ele der.