Épica, grandiosa e melodramática. Está na Netflix a produção colombiana, da Caracol TV, “Bolívar: Una lucha admirable”, que conta a história de General Simón Bolívar, o Libertador da América. São 60 episódios (sim, 60 episódios, não divididos por temporadas) que cobrem toda a vida do general, da infância em Caracas, Venezuela, à morte em Santa Marta, Colômbia.
Se você está minimamente familiarizado com o padrão das novelas retransmitidas pelo SBT, já tem meio caminho andado para gostar de “Bolívar”. As cenas românticas são longas, a dramaticidade está no talo e há lágrimas para secar com um rodo. E, lembre-se: você é latino-americano e isso é “nosotros”. Nós, latinos, somos assim por natureza e não é demérito algum uma produção nos mostrar da forma que somos. Claro que para a TV (ou, agora, streaming) há um certo exagero para que tudo transpasse a tela e chegue à sua sensibilidade, mas esse padrão não prejudica em nenhum momento a contação da história – as cenas, sejam românticas ou dramáticas, estão em seus lugares e servem, inclusive, para determinar novos rumos da história – há uma dezena de cenas assim, tristes e belas, como a da morte da primeira esposa de Bolívar (que o faz adotar para a vida a frase “quem se apaixona, perde!”) e a despedida de Dionísio, ex-escravo da família de Bolívar que, criado junto ao general, se torna seu irmão – a mãe de Dionísio, também escrava, foi ama de leite de Bolívar.
Pouco antes desta cena da despedida, há uma discussão acalorada entre os “irmãos” Bolívar e Dionísio. Este reclama que Bolívar fez uma revolução para os brancos, que se esqueceu dos negros escravos. E a própria série reflete isso, não sei se propositalmente: a causa negra aparece, bem timidamente, apenas por volta do 20º episódio, para nunca mais voltar. A causa indígena, então, é citada apenas mais adiante. Há um artigo de Karl Marx que detona Bolívar também por isso: o general vem da família, até então, mais rica da Venezuela e, segundo Marx, faz a revolução da elite, dos latifundiários que têm como objetivo apenas se livrar dos impostos da Coroa Espanhola. A série mostra isso em diversos momentos, ou seja, há, sim, o diálogo e o relacionamento do general com as elites, mas a produção também reforça que ele faz isso para viabilizar uma causa que lhe é justa: a libertação da América e a soberania dos americanos para que decisão seu futuro como um país livre. A série conta com historiadores junto aos roteiristas, o que garante um mínimo de respeito aos fatos e relatos. Já o texto de Marx foi duramente criticado por ter sido baseado em uma biografia que continha muitos erros.
Talvez o ponto mais importante da série seja o respeito à figura de Bolívar. Sim, os 60 episódios mostram erros, trapalhadas (no amor/não-amor e na política) e atos condenáveis, como quando ele aceita ser ditador no Peru e, logo depois, na Gran Colômbia (território que compreendia Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela). Neste segundo momento, a história entra numa sucessão de caos e desordem que, lá pelo 55º episódio, você pensa que os roteiristas não vão ter tempo para terminar a história em apenas mais cinco capítulos. Mas terminam. Em meio ao caos, mas terminam.
Os personagens são riquíssimos e pelo menos uns 10 mereceriam textos só sobre eles. De Diego Aponte, o soldado-pintor do Exército Libertador que se torna o grande retratista de Bolívar e seus feitos e o acompanha até o último suspiro, à Marcela, a ex-prostituta monarquista que se torna uma patriota com papel primordial no momento em que tentam derrubar o Libertador, há uma série de pessoas que têm suas histórias tratadas com igual respeito – a série tem mais essa qualidade, a de não imputar juízo de valor sobre figuras históricas. Até General Santander, que de colega de Bolívar se torna conspirador e é preso e exilado após um atentado ao presidente, tem sua “barra limpa” quando a série mostra que ele não agiu diretamente contra a vida de Bolívar – tendo, inclusive, pedido o contrário aos conspiradores. Outra cena emocionante, com uma forte carga dramática, é a de sua saída da cidade. De general imponente a um preso com lágrimas nos olhos e uma rápida despedida de sua amada.
Pode-se dizer que Manuela Sáenz é a grande figura da série, muitas vezes eclipsando o próprio general. A série usa um artifício interessante para contar sua história: em paralelo à de Bolívar. Filha bastarda, criada num convento e fissurada pela figura do general, ela programa toda a sua vida em torno da luta pela independência. Nascida em Quito, Equador, ela participa de uma conspiração, que não segue adiante, e vai se conectando às pessoas da luta até chegar, definitivamente, ao contato com Bolívar, de quem chama a atenção de uma forma peculiar: jogando um ramo de folhas em Bolívar enquanto ele faz um desfile pela cidade. Sem dar a mínima para as convenções sociais conservadoras da época, se entrega a Bolívar, mesmo casada, e não dá a mínima para as críticas. Isso fez com que sua figura sofresse um processo de inexistência histórica: seu nome não era citado em livros de história e isso foi sendo corrigido com o tempo. Hoje, Manuela Sáenz tem de volta o seu apelido de “A Libertadora do Libertador”, que conquistou após salvar a vida de Bolívar no evento conhecido como Conspiración Septembrina (25/9/1828), em que golpistas invadiram a casa do general para o assassinar. Outro personagem importante nessa noite é Sereno, um rapaz com deficiência mental que circula por Bogotá trazendo e levando notícias e recados entre os moradores. Sua despedida de Bolívar, no último episódio, também é outra cena que tem uma carga dramática excepcional – mais emocionante até do que a despedida de Bolívar e Manuela.
Bolívar, a série, nos ajuda a entender um pouco mais sobre a história e as origens do nosso continente e é uma grande pena que, aqui no Brasil, não se dedique ao menos um semestre inteiro de estudos no Ensino Fundamental a Simón Bolívar e a história dos países hermanos. E a série mostra também que o entretenimento pode servir, sim, como uma forma de transmissão de conhecimento. “Bolívar: Una lucha admirable” é dessas séries para serem vistas com um bom livro de história do lado ou fazendo uma boa pesquisa (em fontes confiáveis) online.
Acabei de assistir os sessenta capítulos e confesso que aprendi mais de história da América do Sul neste excelente trabalho, do que tudo que estudei na minha vida inteira, seja no ensino fundamental, médio, superior e pós. E você resumiu muito bem no seu artigo o que o espectador pode encontrar na série. Parabéns aos produtores e parabéns a você que fez a crítica.
Saudações.
É uma baita série mesmo. Muito obrigado pelo comentário!!! :)
Assisti, atento, aos 60 episódios. Minha busca é dramatúrgica: ligar os fatos que se misturam na mente do general, em seus últimos momentos, como narrados no realismo fantástico da obra O outono do patriarca, de G.G. Marques. Bolívar, como série longa, é folhetinesco, mas surpreende pelo roteiro, atuação de elenco, produção e obra de arte. Gostei muito. Minha busca ficou rica.
Assisti , todos os capítulos com vontade de quero mais, sensacional a entrega dos atores, a série realmente passou muita confiança e respeito a história.
Eu não conhecia nada sobre Simón Bolívar, até viajar ao Peru e Cuba em 2008 e encontrar, nestes dois países, monumentos dedicados a Bolívar, José Martin e Che Guevara. Conhecia apenas a história de Che, nas versões que chegavam a mim, até aquela época. Li o que havia nos monumentos. Vi um ideal de liberdade que unia estes homens. Depois viajei por Uruguay e Argentina e outra vez encontrei respeito através de monumentos a estes três. Penso que o Brasil está isolado pela língua portuguesa e não fizemos qualquer movimento de aprender espanhol e dialogar culturalmente com nostros Hermanos de Latino América. Tampouco conhecer sua verdadeira história. Nosso processo de libertação de Portugal foi muito diferente. Uma pena que somos tão isolados. A série é muito rica. Tem a dramaticidade exagerada sim, mas é irrelevante diante da expressividade dos atores e das histórias de seus personagens. Sua crítica está perfeita. Que muitas pessoas possam assistir e admirar um personagem tão rico quanto Bolivar e uma mulher tão fantástica quanto Manuela. E que bom que existe a Netflix para produzir séries históricas como esta, que ajudam a preservar a memória deste continente lindo.
gostei muito da serie…fez minha curiosidade acirrar ref venezuela, estou lendo bastante sobre esses assuntos..e chegar a conclusao de que a vaidade, o poder, a ganancia sempre estarão atrapalhando as intençoes de quem está dirigindo uma naçao, diretamente ou pelas pessoas que o cercam.
Muito rica essa série, impressionante a mega produção, o número de personagens que nela estão inseridos. Muito bom ver que mesmo mostrando Bolívar como herói, também mostraram suas fraquezas e incapacidade de governar e organizar uma nação. Como político, um fracasso, como general, um estrategista invencível, um verdadeiro libertador da América espanhola. Aqui, fomos na verdade, vítimas de um grande acordo para a nossa independência. Nossa sorte foi D. Pedro I ter que voltar às pressas para defender Portugal, deixando-nos à própria sorte até que completasse a idade para assumir D. Pedro II , esse sim foi um grande imperador e desenvolvedor do Brasil.
Estou assistindo a série e estou encantada! Aprendendo muito sobre a América do Sul e sua história de libertação.
Hoje irei assistir o último capítulo, já estou com saudades. A série é maravilhosa, pesquisei sobre Bolívar aprendi muito. Grande libertador
Fiquei encantada com a mobília de todas as fazendas,da sala do ouvidor…quanta riqueza! Sem falar nesse idioma tão bonito,o qual jamais permito-me assistir dublado. Foge da essência.Quando gosto de uma série me vejo dentro dela. Choro,rio, fico indignada com as atitudes de alguns personagens. Adoro!
Que série! Com certeza me ensinou muito sobre a história da América Latina (assisti com o Google na mão).
Também foi uma ótima maneira de treinar o espanhol.
Oi boa noite estou assistindo gostei muito to indo pra fase adulta confesso que todas as fase sao boa o menino trabalha muito bem o jovem jose barreto e otimo parece q o outro mas velho também e miuito bom. Estou encantada recomedoa serie e ótima
excelente série!! Análise a altura!!
Estou assistindo, já tinha lido um livro sobre Bolívar e fiquei impressionado como nas escolas não se fala sobre ele, a minha curiosidade sobre Bolívar foi despertada porque desde criança ao ouvir jogos de futebol, muitos jogadores sul-americanos tinha nome de Bolívar,. então comecei a procurar um livro sobre ele, não tínhamos internet naquela época, e um belo dia achei bom livro com páginas amareladas em um sebo, li e fiquei precisando com a.hiatoria deste libertador da da América, e agora estou gostando muito a série.
eu assisti aos 60 capítulos e não teve como não chorar é um clássico,uma obra de arte artistas interpretaram como se vivessem a própria historia, Maravilhoso com certeza assistirei novamente. prazer em conhecer Simon Bolivar. sua luta sua causa foi muito bem escrita e vivenciada
Acabei a série sobre Simon Bolívar ! Não me interessa se ele foi um ditador ,tirano ou seja lá o que foi! Sei que seu feito é incontestável, libertando nossos hermanos da coroa exploradora da Espanha , lamento que no Brasil não dê valor e não temos uma união maior aos nossos hermanos ,
Uma linda história , considerando todos os envolvidos ,
Manuella Saenz com seu amor determinado e seu sonho de liberdade ,tem hoje seu reconhecimento na história ,
Bolívar cumpriu sua missão, mas os libertados não entenderam e como sempre não deram valor ao seu grande libertador.
Estou assistindo a série, estou no 30° capítulo….muito boa a série. É incrível como no Brasil estudamos Grécia, Roma mas não estudamos nossos vizinhos.
Maravilhosa!!!🤩🤩🤩🤩👏👏👏
Estou encantada com a série! Pouco sabia sobre a história de Simón Bolívar…Sim,como estrategista foi fascinante mas decepcionou nos países que governou… Recomendei a um tio meu que visitou a Bolívia sendo partidário,e ele me disse que tem muitos livros sobre ele,que não perde tempo com tv…😂
Já estou no capítulo 40…
Série fantástica! Realmente uma pena nao aprendermos nos livros da escola sobre a comovente busca de libertação dos nossos irmãos latinos. Rica em detalhes e informações sobre o assunto. E o personagem Simon Bolivar encantador na sua busca e triste o seu fim. Emocionei-me demais!!!! Fui ás lagrimas!
Toda a minha vida estudantil, foi estudar em uma escola estadual que leva o nome de Simon Bolívar, não me recordo de alguém discorrer de quem era o mesmo. A série me levou a querer conhecer por curiosidade, o personagem que mudou a história sul-americana. Estou em êxtase, por esta tão caudalosa produção histórica que nos encheu de conhecimento sobre o grande general, fã de Napoleão Bonaparte e que teve conquistas até maiores que Alexandre, o Grande. Parabéns, recomendo para o “vale a pena ver de novo”.
Parabéns pela análise. Sou professora de Direito Constitucional e História e estou verdadeiramente encantada com esse trabalho da CARACOL na série Bolívar. Uma verdadeira aula dos processos de libertação na América espanhola. Não tenho a menor vergonha de dizer que fui às lágrimas.
parabéns estou acabando ver essa viagem pela historia de nossa américa, tão pouca conhecida e valorizada, estou em lagrimas, como alguns já citam precisamos de mais aulas sobre nossa América, nosso Brasil, ser o agente e protagonista de nossa história, vivenciamos um momento tão difícil no Brasil e no mundo, as vezes me sinto anestesiada diante de tantas atrocidades e a serie Bolivar me refletir sobre meu papel de cidadã. gratidão
SÉRIE, OU NOVELA!? O QUE NÃO HÁ DÚVIDAS É O QUANTO ELA NÓS FAZ PENSAR, CHORAR, ODIAR, AMAR… SEM DÚVIDAS É MAGNÍFICA. PARABÉNS Á TODOS OS ENVOLVIDOS NESSA TRAMA.
Série maravilhosa , retrata a luta pela liberdade , bem como o patriotismo , determinação , garra de Bolívar . Tive. a curiosidade de pesquisar a história e vi como homens com bravura e amor libertaram seu povo. Bolívar líder nato fez sua linda história de amor pela pátria e sua Manoelita. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Simon Amou a LIBERDADE e perdeu… Libertou seu povo da Exploração espanhola… Mas parece sina a ignorância do POVO… Que sempre se deixa levar pelas FOFOCAS… Parabéns a CARACOL… Precisamos Estudar mais SIMON BOLÍVAR… Virar disciplina no ensino básico e fundamental… Talvez assim valorizamos mais nossas origens!!!
Parabéns também à Marcos Lauro pelo texto… Vi a mesma coisa que você na série… Além de que como os grandes da história… BOLÍVAR morreu de desgosto…
Terminei de assistir os 60 capítulos. Que trabalho brilhante da produção e a entrega dos atores, a dramatização. Podíamos sentir o que eles passavam.
Gostei muito da sua crítica a série.
Recomendo a todos assistirem a história de nossos hermanos.
Comecei assistir a Série “Bolívar” e estou adorando, belíssima…
Porém estou triste por não ser dublada e assim minha mãe não consegue assistir, porque
não consegue enxergar a legenda, já que está com a visão já muito prejudicada.
Ela tem 86 anos, professora aposentada e ama história.
Porque as Séries Espanholas não estão sendo dubladas ?
Muito triste…gostaria de saber se tem outro lugar para assistir.
Obrigada, abraços,
Sandra
Sensacional. Aprendi muito na série.
Acabei de assistir! Espetacular, um primor! Aprendi com a série o q a escola não me apresentou.