Foi enterrado hoje o empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. Encurtando o papo, foi o idealizador da fábrica genuinamente brasileira Gurgel. Sim, aqueles carrinhos diferentes, alguns estranhos até, que a gente vê até hoje circulando pelas ruas do país.
O sr. Gurgel é um dos exemplos de como o governo brasileiro pode destruir os ideais de quem é petulante ao ponto de tentar tomar um pedaço do mercado dominado pelas empresas estrangeiras. Certa vez, dando aquela zapeada básica na TV, parei no Canal Universitário. Estava passando um documentário sobre o sr. Gurgel, que tentava explicar como uma empresa/indústria inovadora pôde ir do sucesso ao fracasso em poucos anos. Houve a história do governo cearense, que se comprometeu a receber uma indústria Gurgel em seu estado e depois desistiu. Já por parte do governo federal, houve um boicote. E dos grandes.
As grandes montadoras começaram a passar o chapéu, pedindo empréstimos para salvar as suas fábricas no país. Mas (até hoje não se sabe o porque!) o tal empréstimo foi negado para o senhor Gurgel e sua fábrica. Uns dizem que foi uma exigência das grandes. Algo como: “Se a Gurgel tiver o dinheiro, nós sairemos do país!”. Este seria a última chance, o último suspiro da Gurgel Motores S/A, que já acumulava processos por dívidas (inclusive trabalhistas) devido à dificuldade de manter o negócio.
O empresário Gurgel já sofria de Alzheimer há cerca de oito anos. Muitos acreditam que a falta de saúde foi resultado da tristeza de ver o seu sonho, o seu negócio, ir por água abaixo. Não por incompetência, mas sim por falta de honestidade da parte dos concorrentes.
Obs.: O fórum do UOL já conta com mais de 400 mensagens sobre Gurgel. Não é pouca coisa…