Em outubro do ano passado, fiz um texto no Futuro do Jornalismo sobre o dia na vida de um especulador financeiro, este ser nefasto que viver de jogar seu dinheiro de um lado para outro, sem se importar com as consequências. O especulador é o verdadeiro câncer da economia, é o ser que está causando toda essa confusão no mercado financeiro mundial e na vida de cada um que depende desse mercado.
Hoje foi um dia diferente. Acordei empregado e vou dormir desempregado. Por causa da tal crise.
A editora onde trabalhava fazia anuários, publicações que dependiam de anúncios institucionais de grandes empresas como Vale, CSN, Petrobrás, etc. Empresas desse porte (incluindo os bancos) estavam acostumadas a ganhar rios de dinheiro, batendo recorde atrás de recorde em receitas e lucros anuais. Agora ganham apenas riachos, córregos de dinheiro. E, com medo de diminuir sensivelmente o lucro, resolveram cortar boa parte da verba destinada a publicidade. Obviamente os 30s no intervalo do Jornal Nacional seguem, eles querem visibilidade. Mas uma página (que seja) num anuário que tem boa circulação e é um produto reconhecido no mercado editorial não vai dar cartaz suficiente para esse tipo de empresa. Melhor cortar, né?
Penso que o mundo precisa de uma implosão para se reconstruir. Não o mundo físico, mas o capitalista. As pessoas precisam perceber que o lucro de poucas pessoas é exageradamente grande. Precisam ver que o dinheiro que deveria ser dividido aqui está servindo para construir mais um hotel com formato bizarro e decoração kitsch em Dubai. Quem precisa de um hotel com formato de palmeira que fica sobre a água?
Talvez seja essa implosão que esteja a caminho. O problema é que essa mudança está custando empregos, mudando o dia a dia das pessoas que não são culpadas por essa situação. Enquanto isso, a lotação dos hotéis de Dubai continua esgotada… mas a crise vai chegar lá também. Ô se vai.