Ontem, domingo, à noite, assisti novamente ao “Doutores da Alegria – O Filme” (2005), transmitido pela TV Cultura. O filme retrata a trupe de palhaços que visita crianças em hospitais, como médicos “besteirólogos”, e ajuda a amenizar o pesado ambiente em que elas estão, longe das suas casas, sem muitos de seus brinquedos e amigos. O palhaço sabe identificar esse ambiente e interagir com a criança, arrancando sorrisos e gargalhadas difíceis de serem ouvidos naqueles corredores e quartos brancos numa situação normal.
O projeto começou com o ator Wellington Nogueira, que viu a idéia sendo colocada em prática em Nova Iorque e decidiu adapta-la para a realidade e a criança brasileira. O filme mostra os Doutores da Alegria como uma empresa, séria e cheia de regras como qualquer outra. Afinal, o trabalho é muito sério e delicado para ser levado na brincadeira…
Eu só não concordo muito com a classificação do filme como documentário. Tudo bem que é uma história sendo contada, com fatos, provas, testemunhas, personagens…mas se aproxima mais de um drama-comédia como “Patch Adams – O Amor é Contagioso” (1998) do que de um documentário. É perfeito, esteticamente falando. Os depoimentos acontecem em locações paradisíacas ou então com os “besteirólogos” praticando alguma ação, como andando de bicicleta, caminhando ou até amamentando. Não há, também, nenhum depoimento contrário ou que questione o trabalho dos Doutores. Assim, está mais para um vídeo institucional, daqueles apresentados para diretores de RH. Tanto é que no final do filme, o palhaço aparece em outros ambientes, fora do hospital, como fábricas, grandes empresas e até na bolsa de valores. O fato de a diretora, Mara Mourão, ser esposa do fundador do grupo também pesa nessa avaliação.
Mas essa observação não tira a importância do filme. Só por mostrar um trabalho importante como esse, já vale pelo tempo em frente à TV (ou no cinema, para quem teve a oportunidade de assisti-lo nas mostras das quais participou).