Um dos sinônimos de progresso é desenvolvimento. Quando uma determinada área se desenvolve, chegam os comércios, residências, indústrias… de preferência, o ramo que mais for compatível com a vocação do lugar. Mas fica a dúvida: o progresso tem limite?
São Paulo vive uma explosão imobiliária talvez nunca vista. Além da especulação – e conseqüente aumento de preços – dos imóveis que já existes, há um sem número de obras que erguem torres residenciais e comerciais pela cidade.
Se junta a essa discussão o trânsito da cidade, que já beira o insuportável e, em breve, pedirá medidas drásticas. A idéia do pedágio urbano, para entrar de carro no centro de São Paulo, nunca foi totalmente descartada.
Na última semana, o Tribunal de Justiça suspendeu a inauguração de um shopping Center na esquina das avenidas Juscelino Kubitschek e Nações Unidas. A construtora não realizou algumas obras que serviriam para que o shopping não deixasse o trânsito tão ruim no local. Afinal, são mais 190 lojas “aparecendo” ali, o que geraria um tráfego maior do que o que já existe num local que já tem o trânsito travado todas as tardes.
Projeto parecido está começando a ser erguido na avenida Paulista. Um shopping com uma torre comercial em cima, no terreno onde ficava o casarão dos Matarazzo, altura do número mil. Agora, vamos pensar: hoje, num dia de trânsito ruim, já é difícil percorrer toda a avenida de carro em menos de uma hora, principalmente no sentido Consolação (lado onde será o tal shopping Center). Imagine agora este mesmo cenário com mais um prédio no meio da avenida, gerando tráfego.
O que faltou nesse caso foi noção do poder público, que autorizou uma obra desse porte numa avenida que não comporta mais gente. Isso sem falar no metrô e sua linha verde, que é impraticável nos finais de tarde.
Progresso não é necessariamente um amontoado de obras. Progresso não atenta contra a qualidade de vida. Ou, pelo menos, não deveria. São Paulo anda numa tendência tão gananciosa que em breve não haverá mais espaço para obras. Inventarão o “prédio-sobre-prédio” ou coisa que o valha. E se isso for progresso, eu quero ser jeca.